Os anos vão passando e os ideais de beleza estão sempre aí. Eles mudam com o tempo mas jamais deixam de existir. A febre do momento nas academias tem nome e sobrenome: barriga negativa. Recentemente exposta nas redes sociais pela modelo sul-africana Candice Swanepoel, o modismo traz faz com que os ossos da pelve fiquem mais proeminentes que a musculatura abdominal. Mas será que qualquer pessoa pode desfilar o modelito por aí?
O clínico geral e fisiologista do exercício João Pinheiro garante que a barriga negativa não é para todo mundo. "Algumas pessoas com membros inferiores maiores que o tórax, chamadas de longilíneas, terão maior facilidade para conseguir o efeito devido à genética favorável", explica. Já as pessoas que possuem na sua constituição uma predominância em acumular gordura no abdômen terão maior dificuldade.
Giovana Guido, nutricionista esportiva da Dr. Shape, alerta que dificilmente uma mulher do tipo mignon - estilo da brasileira - irá atingir a barriga negativa, mesmo com muita dieta e exercícios. "Para ter esse estilo de barriga só tendo um percentual de gordura bem baixo e um Índice de Massa Corporal (IMC) menor do que o normal", salienta. E isso não é nada saudável.
Além da amenorréia (falta de menstruação) que aparece quando a gordura corporal atinge nível inferior a 7%, outros problemas de saúde podem dar o ar da graça. "Perda de tecido mamário, diminuição da ovulação, baixa consciência, arritmias cardíacas, doenças de pele por deficiência de alguns minerais, desmaios, baixa atividade hormonal e diminuição da vitalidade", pontua Gabriel Cairo Nunes, nutricionista esportivo da Clínica Healthme Gerenciamento de Peso.
Para quem está dentro do perfil longilíneo favorável, o resultado vem com dedicação. "Com uma dieta hiperprotéica rigorosa e exercícios aeróbicos de baixa e média intensidade e longa duração - no mínimo 60 minutos, de 5 a 7 dias por semana - é possível chegar a um abdômen negativo", observa o Dr. Pinheiro, ressaltando que algumas pessoas podem alcançar esse objetivo com maior facilidade, outras demoram mais um pouquinho.
Ricardo Santos, campeão Sul Sudeste e Paulista de Culturismo, personal trainer e treinador de atletas da Dr. Shape, diz que as pessoas devem afastar qualquer dieta mirabolante e exercícios sem supervisão. "O indivíduo deve, primeiramente, ser avaliado por um profissional especializado e assim ter o melhor acompanhamento possível para seu objetivo, sempre levando em conta sua rotina diária e genética. Dessa forma, as pessoas com condições de obterem a barriga negativa a terão com ações e rotinas adaptadas, com medidas saudáveis e seguras como alimentação, suplementação e programas de exercícios personalizados".
Pinheiro garante que, se acompanhada por profissionais capacitados, a jornada para conseguir a barriga negativa não traz prejuízos à saúde. "Não há riscos desde que a pessoa faça uma monitorizarão contínua do perfil hormonal e energético", diz o médico, esclarecendo que, por exemplo, exercícios abdominais realizados sem critérios podem lesionar a coluna lombo-sacra. Além disso, conforme explica Ricardo, lutar contra a natureza do próprio corpo para chegar a um resultado pode trazer consequências como uso de drogas, bulimia e anorexia. E todo mundo já sabe que isso não é nada bom.
De acordo com Gabriel, para evitar danos à saúde o indivíduo deve fazer uma dieta com cerca de 1200 calorias, gastando ao menos 500 calorias nos exercícios. A nutricionista Giovana Guido acredita que o ideal é sempre seguir uma dieta equilibrada em todos os nutrientes, porém, remanejada de forma correta a fim de agilizar os resultados. "Os principais cuidados são: evitar consumo extremamente baixo de calorias, cortar carboidratos, não ficar muito tempo sem se alimentar, não basear a dieta em um ou dois alimentos e sim ter uma dieta variada e ter alta ingestão de líquidos ao longo do dia", ensina.
Os suplementos alimentares podem dar alguma ajuda. "Eles aceleram os resultados da dieta e dão uma motivação extra. Neste caso, os termogênicos/queimadores de gordura são bem indicados, assim como os diuréticos naturais, bloqueadores de absorção, fibras, emagrecedores e shakes protéicos/dietéticos", esclarece Giovana.
Alguns alimentos dão uma estufadinha na barriga, mas Gabriel Cairo lembra que é uma situação transitória. "Leite, grãos e alimentos integrais podem fazer o abdômen inchar, mas isso dura pouco tempo. Varia de uma a duas semanas, até o corpo regularizar a produção de bactérias benéficas ao intestino, e assim o tamanho do abdômen volta a sua normalidade. O que nunca deve acontecer é se alimentar com grandes volumes de comida em uma mesma refeição, pois isso leva a maior putrefação ou digestão alimentar - que libera gases e assim aumento a barriga", pondera.
Giovana ressalta que conseguir uma barriga negativa só pode ser considerado favorável se o intestino funcionando perfeitamente e se não houver nenhum grau de retenção no organismo. O correto é conseguir chegar aos objetivos sem sacrificar a saúde.
Então, se você não tem biotipo para ostentar a barriga da moda, contente-se com o abdômen sequinho. "Barriga sequinha é a tradicional forma de abdômen malhado sem gordura localizada e flacidez. Temos, neste caso, um abdômen bem rígido às custas de muito treino de abdominais bem executados e intensos e um percentual de gordura baixo. Porém não veremos os famosos "gominhos" que é fruto de uma boa hipertrofia da musculatura abdominal conseguida com treinos específicos", finaliza Ricardo.
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